segunda-feira, 30 de junho de 2014

Alemanha é destaque da série dedicada à cultura dos países da Copa

Aproveite a passagem da seleção por Porto Alegre, com jogo nesta segunda-feira, para lembrar de mestres como Beethoven e Wim Wenders

Foto: Natália Gomes / Zero Hora

Com a vitória sobre os EUA, a Alemanha ficou em primeiro lugar no grupo G do Mundial e, assim, estará em Porto Alegre nesta segunda-feira para jogar contra a Argélia – que já pisou no Beira-Rio, enfrentando a Coreia do Sul. A passagem da seleção alemã pela Capital levou o 2° Caderno a retomar a série Copa Cultural, que apresentou ícones da cultura dos países que jogaram no Estado – a Argélia foi destaque no dia 11 de junho.

Dar conta da enorme produção artística de um país com tradição cultural tão longeva quanto a Alemanha não é uma tarefa fácil. Reunimos aqui algumas das maiores influências, em diversas áreas da criação e do conhecimento. A própria origem da Alemanha está ligada a uma história que ultrapassa as fronteiras que hoje demarcam o país. A Germânia ficou conhecida como a região da Europa localizada além dos limites do Império Romano, mais precisamente entre o Reno e as florestas e estepes do que hoje é a Rússia. Essa extensa área foi habitada, ao longo dos séculos, por diveros povos que comungam da tradição germânica.

Reinvenção do cinema

O cinema nasceu na França, ganhou o mundo a partir dos EUA e teve na Alemanha um dos mais fervilhantes caldeirões de invenção no século passado. Nos anos 1920, as sombras do expressionismo alemão elevaram a linguagem cinematográfica graças a diretores como Robert Wiene (O Gabinete do Dr. Caligari), Carl Boese e Paul Wegener (O Golem), F.W. Murnau (Nosferatu) e Fritz Lang (Metrópolis). Hollywood deve parte de sua profissionalização aos alemães que rumaram para lá na era do cinema mudo e, posteriormente, fugindo da ascensão de Hitler. A partir dos anos 1960, realizadores como Rainer W. Fassbinder (1945 - 1982), Werner Herzog, Volker Schlöndorff, Wim Wenders, Margarethe von Trotta e Wolfgang Petersen recolocaram o cinema alemão em destaque. Nas décadas de 1990 e 2000, a tradição cinéfila do país renovou-se na Alemanha reunificada e multicultural. Nessa leva, destacam-se Tom Tykwer (Corra, Lola, Corra), Wolfgang Becker (Adeus, Lenin!), Oliver Hirschbiegel (A Queda - As Últimas Horas de Hitler), Florian Henckel von Donnersmarck (Oscar de filme estrangeiro com A Vida dos Outros), Marc Rothemund (Uma Mulher Contra Hitler), Uli Edel (O Grupo Baader Meinhof), Dennis Gansel (A Onda) e o alemão de origem turca Fatih Akin (Do Outro Lado).

Usina eletrônica

Poucos discutem que os alemães inventaram a música eletrônica – ou pelo menos foram os primeiros a colocar todo mundo para dançar feito robôs. Os sintetizadores, que já figuravam no krautrock (mistura de eletrônico com rock), ganharam destaque com o lançamento de Autobahn (1974), do Kraftwerk. O grupo mudou os rumos da música pop, mas não pode ser culpado pela usina de eurodance que a Alemanha se tornaria no final dos anos 1980 e começo de 1990. Nesse período, produtores alemães recrutavam artistas do mundo inteiro para ser a voz e o rosto de grupos que não saíam do hit parade das FMs, como Snap!(The Power), Culture Beat (Mr. Vain), Haddaway (What Is Love) e a farsa vencedora do Grammy Milli Vanilli. Os alemães também se tornaram referência na música pesada, do hard rock (Scorpions) ao power metal (Blind Guardian, Helloween), passando pelo thrash (Sodom, Kreator) e o industrial(Rammstein). Embora, nos últimos tempos, seu maior produtor de exportação musical tenha sido o rock adolescente do Tokio Hotel e seu andrógino vocalista, Bill Kaulitz.

Eruditos e iconoclastas

Se o conceito de hitmaker existisse na época de Beethoven (1770 - 1827), caberia a ele, que marcou a virada do classicismo para o romantismo, assim como Mendelssohn (1809 - 1847) e Weber (1786 - 1826). Com os vizinhos austríacos Mozart e Haydn, Beethoven – e o alemão Brahms (1833 - 1897) – foi um ícone da escola vienense. Mas a tradição germânica vem de antes. Pense nos barrocos, como Telemann (1681 _ 1767), Händel (1685 - 1759) e, sobretudo,J.S. Bach (1685 _ 1750). Na era romântica, surgiram Schumann (1810 - 1856) e o incontornável Wagner (1813 -1883), que compôs harmonias revolucionárias. Richard Strauss (1864 - 1949) é autor da música que veio a ser trilha do filme 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968). Com a era moderna, vieram Carl Orff (1895 - 1982) e seu oratório Carmina Burana. TeveHindemith (1895 - 1963), que tentou revitalizar o sistema tonal depois do furacão Wagner, e Kurt Weill (1900 - 1950), que levou os ritmos do jazz para a ópera. Até que o iconoclasta Stockhausen (1928 - 2007) subverteu tudo e formou a base da música eletroacústica.

Romantismo e Nobel

Na origem da literatura alemã, está uma rica mitologia nórdica e a Bíblia de Martinho Lutero. Na filosofia, de Leibniz, no século 17, até Hannah Arendt, no século 20, os alemães foram um farol a iluminar o pensamento. Nas letras, há expoentes de vários movimentos literários, como o classicismo de Schiller (1759 - 1805) e Goethe (1749 - 1832). Com Os Sofrimentos do Jovem Werther(1774), Goethe talvez tenha sido o primeiro autor alemão conhecido além das fronteiras do país. Ele se tornaria expoente do pensamento romântico, que rejeitava a racionalidade extrema do iluminismo francês. Hölderlin (1770 - 1843), Schelling (1775 - 1854), Novalis (1772 - 1801) ou o mestre do conto de horror E. T. A. Hoffmann (1776 - 1822), autor de O Quebra-Nozes e O Homem de Areia, foram nomes importantes da literatura romântica alemã. A influência das letras alemãs na cultura ocidental prosseguiria com autores como Heinrich Heine, os irmãos Heinrich e Thomas Mann e Heinrich Böll – os dois últimos ganhadores do Nobel de Literatura. Dois gigantes atuais são Günter Grass (nobel de 1999) e Hans Magnus Enzensberger.

Discípulos de Fausto

Figura influente do teatro moderno, Bertolt Brecht (1898 - 1956) tornou-se um dos autores mais encenados no mundo. Suas peças baseiam-se no princípio do distanciamento (em oposição à identificação do teatro dramático), estratégia pela qual buscava despertar o espírito crítico dos espectadores. Outra lenda das artes cênicas alemãs é Pina Bausch (1940 - 2009), bailarina e coreógrafa que ajudou a definir o gênero híbrido conhecido como dança-teatro. O cineasta conterrâneo Wim Wenders registrou uma bela homenagem póstuma no filme Pina (2011). É rica a história da dramaturgia do país. Goethe (1749 - 1832), o grande nome das letras alemãs, escreveu Fausto, peça monumental sobre um homem que vende a alma ao diabo. Seu contemporâneo Schiller (1759 - 1805) assinou clássicos como a peça A Noiva de Messina, além de ter sido um notável teórico da estética. A época, aliás, foi pródiga em autores que transitavam por diversas searas intelectuais, como Lessing (1729 _ 1781) e o influente Kleist (1777 - 1811).Büchner (1813 - 1837), autor de Woyzeck, é outra menção importante. Depois, vieram Wedekind (1864 - 1918) e o revolucionário Heiner Müller (1929 - 1995), entre outras estrelas.

Design como arte

Se o design alcançou status de arte, foi em grande parte por causa da Bauhaus, escola alemã criada em 1925 e até hoje influente na produção criativa. Mas a tradição artística do país é longeva. O Renascimento italiano, que contagiou toda a Europa entre os séculos 14 e 17, tem entre seus representantes alemãesAlbrecht Dürer (1471 - 1528). Já no século 20, com a radicalização criada pelas vanguardas, Max Ernst (1891 - 1976) foi um dos autores das imagens oníricas do surrealismo. Depois, com a chegada das performances, dos happenings e das instalações, Joseph Beuys (1921 - 1986) se tornou um dos mais importantes artistas alemães. A pintura, a escultura e a arte contemporânea como um todo devem muito aos trabalhos de nomes como Otto Piene, Heinz Mack, Gerhard Richter, Hans Haacke, Georg Baselitz e Anselm Kiefer, artistas em atividade.

O Brasil no horizonte

O filme alemão mais premiado e ovacionado em seu país nesta temporada é Heimat 4 (2013), de Edgar Reiz, um épico com 225 minutos. Nele, o diretor dá continuidade à monumental trilogia realizada entre 1984 e 2006, na qual passa em revista um século de história de seu país sob o ponto de vista dos moradores de uma pequena cidade, da ascensão do nazismo à realidade da Alemanha nos anos 2000. Ambientado nos anos 1840, Heimat 4 (Die andere Heimat – Chronik einer Sehnsucht) é um prólogo da saga, que destaca o Brasil na trama e, sobretudo, o Rio Grande do Sul. Os protagonistas são dois irmãos que sonham em seguir o êxodo dos alemães que fogem da miséria atrás da promessa de vida melhor – empolgam-se com notícias de amigos e parentes que chegam a Porto Alegre e outras cidades gaúchas.

Top 10: alguns ícones culturais alemães

> Duas musas do cinema alemão
Marlene Dietrich (1901 - 1992) e Diane Kruger

> Um grande filme alemão falado em inglês
Paris, Texas (1984), de Wim Wenders

> Um hit pop internacional
"Da da da", dizia o refrão da canção homônima lançada em 1982 pelo alemão Trio, que tocou sem parar nas rádios de todo o mundo

> Outro hit onipresente
99 Luftballons, com a cantora Nena em 1983

> 2 diretores alemães famosos em Hollywood
William Wyler (1902 - 1981) e Douglas Sirk (1897 - 1987)

> Um ícone alemão pioneiro dos quadrinhos
Max und Moritz, publicado em 1865 por Wilhelm Busch – traduzido no Brasil, por Olavo Bilac, como Juca e Chico

> Um astro de Hollywood nascido na Alemanha por acaso
Bruce Willis, filho de pai militar

> Um diretor que joga em dois times
O cineasta alemão Michael Haneke adotou a cidadania austríaca, país pelo qual venceu o Oscar de melhor filme estrangeiro com Amor (2012), mas concorreu pela Alemanha com A Fita Branca (2009)

> Três discos de David Bowie gravados em Berlim
Low (1977), Heroes (1977) e Lodger (1979)

> Uma leitura infantil
As pesquisas dos Irmãos Grimm sobre o folclore germânico renderam ao mundo fábulas como Cinderela, Rapunzel e João e Maria

domingo, 29 de junho de 2014

Theatro São Pedro comemora 30 anos de sua reabertura

Casarão passou 12 anos interditado ao público e foi completamente reconstruído por dona Eva Sopher
por Luiza Piffero
Convidados lotam o hall de entrada do Theatro São Pedro na noite de sua reinauguração, em 28 de junho de 1984
Foto: João Onófrio / Agencia RBS

Em 28 de junho de 1984, às 20h30min, as luzes foram apagadas e um silêncio ansioso substituiu o burburinho. Quinhentos convidados empertigados escutaram uma gravação emocionada de Eva Sopher, que havia passado os últimos nove anos como mestre de obras. O Theatro São Pedro voltava à vida após 12 anos fechado, e ela, no palco, sob aplausos, só conseguiu dizer:

– O espetáculo pode começar.

Trinta anos depois, ela lembra pouco daquela noite:

– Não estava sentindo nada porque estava dopadíssima. Ao invés de tomar um, tomei três tranquilizantes ao longo do dia. Teria sido uma emoção que eventualmente me faria fisicamente mal.

Quando as cortinas se abriram, a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre foi elevada do fosso para executar o Hino Nacional, seguido da Sinfonia Popular n°1, de Radamés Gnattali, regida pelo próprio. Depois, a companhia Cem Modos apresentou O Caso Térmita. Escrita para a ocasião, a peça relatava o julgamento de um cupim, acusado de provocar a interdição do São Pedro. Era baseada em fatos bem reais: em 1972, quando fechou as portas, a casa inaugurada em 1858 estava literalmente caindo aos pedaços. No ano anterior, um componente de um refletor havia despencado no palco, quase atingindo uma violinista japonesa. O prédio sofria com infiltrações e instalações elétricas precárias. Às revoadas de cupins somavam-se morcegos e ratos. O veredito da peça, entretanto, foi favorável aos animais. Concluiu-se que os verdadeiros culpados eram o descaso das autoridades e a burocracia.


Dona Eva explica que convidou o pequeno grupo porto-alegrense para a grande estreia porque corriam boatos de que o novo São Pedro jamais receberia companhias locais. Nos anos em que o casarão dormia, a cena teatral da cidade havia despertado para uma efervescência inédita.

– Havia uma movimentação teatral forte nos anos 1980, porém periférica, de grupos alternativos, de esquerda. Mas não havia integração da cidade com o teatro – conta Júlio Conte, diretor de Bailei na Curva, a primeira peça local a fazer temporada no novo TSP.

Na falta do São Pedro, os espetáculos ocorriam em espaços acadêmicos e de poucos lugares como o Clube de Cultura, o Teatro de Câmara e o de Arena. Peças de Rio e São Paulo tinham o Teatro Leopoldina (depois Teatro da Ospa) e o Cine Teatro Presidente. No fim dos anos 1970, surgiu o Renascença.

– Era um desespero, as pessoas não se apresentavam, simplesmente – lembra o jornalista e crítico de teatro Antonio Hohlfeldt.

Durante a reconstrução do São Pedro, Hohlfeldt lembra que dona Eva programava visitas de autoridades e celebridades ao teatro. Ele, na época jornalista do Correio do Povo, garantia a cobertura.

– Eu estava lá enchendo o saco, cobrindo, cobrando. Para cada um que chegava, a gente montava um esquema. Funcionava como pressão.

Desafio agora é o multipalco

Na opinião de Conte, a reabertura do São Pedro revolucionou a visão da Capital sobre a arte do teatro:

– A entrada em cena do São Pedro deu crédito para o teatro. Principalmente o local, porque as pessoas começaram e descobrir que teatro é uma coisa importante. A classe média começou a ir ao teatro.

Nos nove anos em que Dona Eva combateu promessas vazias, a população acompanhou pelos jornais as "reaberturas" sempre adiadas. Agora, a presidente do teatro busca operar outro milagre, o Multipalco. Em 2014, completam-se 11 anos desde que o complexo cultural começou a ser construído. A última projeção é de que seja inaugurado em 2015, caso entrem os R$ 16 milhões que faltam para a conclusão da obra.

Retorno triunfal

Uma noite depois da grande reabertura do TSP, Bibi Ferreira protagonizavaPiaf, espetáculo premiado que a atriz apresentaria mais 40 vezes naquela histórica temporada. Ao subir no palco, ela disse ao público: "Não sou eu a protagonista, é o Theatro São Pedro".

– O teatro era muito mais importante do que cada um de nós. Sem ele, não existiríamos – recorda Bibi, hoje com 92 anos.

Ela ainda lembra da sensação de ver o São Pedro reerguido, como uma "joia valiosíssima, de uma forma tão brilhante, tão bonita". E de receber de uma Dona Eva preocupada com o frio daquele inverno chá quentinho para toda a equipe – 18 atores e quatro músicos.

Piaf seria primeira de muitas montagens que passariam a vir do centro do país. E, com elas, Fernanda Montenegro, Paulo Autran, Marília Pêra, Walmor Chagas, Antonio Fagundes, José Wilker e tantos outros artistas.

– Antes faltavam espaços! Em um estado como o Rio Grande do Sul, com uma realidade cultural tão importante para o nosso país, um espaço como esse é vital – diz Eva Wilma.

Nos últimos 30 anos, o velho Theatro São Pedro retomou um lugar central na vida cultural de Porto Alegre que lhe pertencia, por direito. Em fins do século 19, antes da I Guerra Mundial, a casa recebia companhias europeias que, no caminho de Buenos Aires, faziam escala na capital gaúcha. Depois, passou a abrigar espetáculos do Rio e São Paulo, onde a dramaturgia entrava em ebulição.

sábado, 28 de junho de 2014

Spoilers! Autor faz revelações sobre o sexto livro de 'As Crônicas de Gelo e Fogo'

Segundo o escritor, estão previstos casamentos, traições e mortes na sequência intitulada "The Winds of Winter"
ZH
Autor faz revelações sobre o sexto livro de "As Crônicas de Gelo e Fogo"  Divulgação/Divulgação
Autor antecipou informações em entrevista ao site Entertainment Weekly  Foto: Divulgação

O escritor George R.R. Martin revelou informações sobre a nova sequência deAs Crônicas de Gelo e Fogo, que inspirou a série Game of Thrones. IntituladaThe Winds of Winter ("Os Ventos do Inverno", em tradução livre), a nova obra deve ter mais traições, casamentos e mortes, antecipou o autor em entrevista ao site Entertainment Weekly.

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ATENÇÃO! Os parágrafos a seguir contêm spoilers

Martin informou que acha que o livro vai começar com duas batalhas imensas. No entanto, ele não detalhou quais seriam os exércitos presentes nos confrontos. O escritor afirmou que muitas coisas vão acontecer na Muralha e que os Dothraki voltarão de forma triunfal.

No sexto livro, dois personagens importantes finalmente irão se encontrar.

– Tyrion e Daenerys vão se cruzar de uma forma, mas pela maior parte do livro eles estarão separados. Ambos têm grandes papéis a desempenhar. Tyrion decidiu que quer viver por uma coisa, o que ele não tinha certeza durante o último livro, e agora vai trabalhar para que isso se concretize, isso se sobreviver a batalha que acontece ao seu redor. Dany aceitou sua herança Targaryen e abraçou o lema de sua família ("fogo e sangue"). Então ambos estarão voltando para a casa – diz Martin.

Não há previsão de lançamento do sexto livro de As Crônicas de Gelo e Fogo. Já a série televisiva retorna no primeiro semestre de 2015. Estão previstas pelo menos mais duas temporadas para a TV. Contudo, Martin declarou em março que Game of Thrones pode virar filme, além de comentar nesta semana que gostaria de mais episódios da série.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Vik Muniz, O Tamanho do Mundo

No Santander Cultural

O Tamanho do Mundo apresenta cerca de 70 obras desse notável artista e conta com a curadoria da reconhecida crítica de arte Ligia Canongia. A exposição apresenta trabalhos marcantes como a Caveira de Palhaço, de 1989, que faz parte da série Relicário, da época em que o artista se lançou em Nova Iorque, até as mais recentes criações como os Postcards from Nowhere, de 2013 e as inéditas Castelos de Areia e Bactérias.

Período: de 21 de maio a 10 de agosto. Abertos de terça a sábado, das 10h às 19h, e domingos e feriados, das 13h às 19h
Custo: Entrada Franca
Classificação indicativa: Livre

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Anúncios antigos da Pepsi nos anos 50

por Juliana Andrade e Adbranch


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Você não pode negar que vivemos em um mundo criado por comerciantes e a publicidade é uma força poderosa que moldou nossas atitudes e comportamento desde o início do século 20.
Dá uma olhada nas propagandas que a Pepsi lançava nos anos 50. A marca tinha o propósito de trazer mostrar o lado descolado dos jovens da época e trazia para seus anúncios a uma atmosfera sexy e moderna.
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http://www.adbranch.com/pepsi-vintage-ads-from-1950s/

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Da moda à arquitetura, tudo é música para David Byrne

Ex-vocalista do Talking Heads fala a CartaCapital sobre livro no qual descreve suas opiniões sobre a criação artística e que acaba de ser lançado no País
por Piero Locatelli

Existe um clichê nas autobiografias de grandes nomes do rock. Primeiro vem o amor pela música desde cedo. Depois, o sucesso, o vício nas drogas, as brigas na banda, etc. Foi dessa fórmula que o músico britânico David Byrne afirma ter fugido ao escrever Como a Música Funciona (ed. Manole, 348 págs., R$ 124,20). "Já há muitos desses livros, e todos parecem iguais." Lançado em maio deste ano no Brasil, o livro é um amplo trabalho sobre as dinâmicas do seu ofício.
Divulgação
David Byrne
Autor do livro é ex-vocalista dos Talking Heads
Os leitores que procurarem pelas brigas do ex-vocalista com os demais integrantes do Talking Heads, por sua amizade com Caetano Veloso e pelas noites ao lado de David Bowie não irão encontrá-las na obra. Ao longo de quase 400 páginas, Byrne fala de forma obsessiva, e em grande parte impessoal, sobre fatores externos que afetam a música, abrangendo da arquitetura à moda.
A história de Byrne aparece ocasionalmente. Há, por exemplo, descrições minuciosas de como concebeu álbuns clássicos ao lado do produtor Brian Eno. No caso de My Life in the Bush of Ghosts, percorre-se um longo caminho que começa na leitura de Jorge Luis Borges e Italo Calvino e termina em um disco feito a partir a partir de colagens com gravações de índios e transmissões de ondas curtas. Na maior parte do tempo, porém, o assunto são os outros.
A ideia para o livro nasceu do exercício de escrever artigos para revistas como a Wired e de uma palestra na conferênciaTedTalk. Todo este material, lembra Byrne em entrevista a CartaCapital por telefone, tratavam do contexto em que se insere a música.
“Percebi que tudo o que fazia era sobre como fatores externos influenciam a sonoridade, o tipo de música que escutamos, como ela é feita, o que é produzido, o que deixa de ser produzido e como é disseminado,” explica. “Já havia falado sobre arquitetura, acústica, dinheiro e por aí vai. Então pensei que, se escrevesse um pouco mais, teria um livro.”
Ao abordar suas finanças, exibe transparência atípica no meio. Ele explicita quanto custa um disco com detalhes sobre distribuição, pagamento de músicos, aluguel de estúdios e partes técnicas como a mixagem. “Fui até meus empresários e disse que queria tornar essas informações públicas. Eles não amaram, mas entenderam,” lembra o músico. “Graças a isso, as pessoas podem saber quanto custa isso, quanto custo aquilo. Acho importante que os músicos pensem muito em dinheiro para não arruinar sua criatividade.”
Ao longo do seu livro, Byrne cita diversas vezes a música brasileira. João Gilberto aparece entre Frank Sinatra e Chet Baker quando o autor explica como novos microfones possibilitaram um novo modo de cantar, quase sussurrado, durante os anos 1950. Mais à frente, a Bossa Nova é lembrada como a trilha sonora de bares ruins, apesar da paixão do músico por ela. Já Caetano Veloso é citado em meio a uma intrincada discussão sobre as possibilidades harmônicas do piano e da guitarra.
Desta forma, não trata os brasileiros como músicos exóticos ou periféricos, mas como compositores inseridos em um sistema mais amplo. O tratamento é condizente com a história do autor, constante crítico do termo world music, que, para ele, é um exemplo de xenofobia.
Byrne se dedicou a distribuir músicas de fora dos Estados Unidos e da Europa sem usar esse rótulo desde 1988. Com sua gravadora Luaka Bop, ajudou, por exemplo, Os Mutantes a ganharem reconhecimento mundial e Tom Zé a sair do ostracismo. Segundo ele, desde então o Brasil perdeu aos poucos sua imagem exótica na Europa. “Agora, não há mais necessidade de definir um artista como brasileiro. Caetano será somente Caetano. Será o artista importante que ele é, e só isso.” Nos Estados Unidos, porém, a mudança tem sido mais lenta porque a população não está acostumada a ouvir músicas em outros idiomas.
O ex-Talking Heads não se mostra aberto somente a produções em outros idiomas, mas também às feitas em baixa qualidade, por amadores ou com processos distintos. Em seu livro, as fitas cassetes não são um odioso suporte de qualidade ruim, mas um suporte que necessitava de uma nova linguagem. Do mesmo modo, as casas de show onde surgiu o punk e o hardcore norte-americano não pecavam por um som péssimo, pois eram mais apropriadas para determinadas sonoridades do que casas de ópera italianas.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Agrião é o vegetal que contém maior densidade de nutrientes

Cientistas também destacaram as propriedades da couve, brócolis e tomate
ZH Bem-estar
Foto: stock.xchng / Divulgação

Sabemos que as frutas e os vegetais são bons para nós e para nossa saúde - mas quanto? Uma nova tabela classificatória que apresenta a densidade de nutrientes de diferentes frutas e legumes acaba de ser elaborada por especialistas em dieta do William Paterson University, de New Jersey, EUA: destaque para o agrião, primeiro colocado. O trabalho foi publicado na revista CDC Preventing Chronic Disease.

Eles testaram 47 frutas e legumes diversos para avaliar os seus níveis de 17 nutrientes que são geralmente considerados de grande importância para a nossa saúde. A pontuação foi baseada na porcentagem de necessidades diárias de uma pessoa para cada nutriente que o alimento proporciona.

Os alimentos foram classificados por seu conteúdo de potássio, fibras, proteínas, cálcio, ferro, tiamina, riboflavina, niacina, ácido fólico, zinco e vitaminas A, B6, B12, C, D, E e K. O agrião alcançou a pontuação máxima (100), seguido pela couve (49,07), brócolis (34,89) e tomate (20,37).

Os escores foram controlados para garantir que uma fruta ou vegetal que fornecesse uma enorme quantidade de apenas um único nutriente não recebesse uma alta e desproporcional pontuação. O estudo assumiu uma dieta de 2.000 calorias por dia e 100g de cada alimento consumido em seu estado bruto. Seis alimentos que não obtiveram escores suficientes para figurar na lista foram as framboesas, tangerinas, cranberries, alho, cebola e mirtilos.

Acredita-se que o agrião também possua propriedades medicinais e contenha particularmente níveis elevados de vitamina K, a qual é importante para a nossa saúde óssea, e vitamina A, responsável pela manutenção da visão. Além disso, possui compostos em glucosinolatos, verificados como potenciais anticancerígenos.

Os especialistas afirmam que também vale a pena salvar a água em que eles são cozidos - pois ela é permeada de nutrientes - e reutilizá-la em sopas e molhos.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Aplicativo inspira amigos a entrarem em forma juntos

Em uma espécie de rede social de fitness, é possível compartilhar experiências e desafiar os outros a cumprir metas

ZH Tecnologia
Foto: Divulgação / Apple

Para quem pensa que nada funciona melhor do que um pouco de competição, há um novo aplicativo disponível que liga as redes dos dispositivos portáteis de fitness entre os usuários.

O Fitt pode conectar os usuários do Jawbone UP aos do Fitbit ou a aplicativos rastreadores de atividade como o Moves. Criando uma espécie de rede social de fitness, os amigos podem inventar desafios entre si e compartilhar seu entusiasmo ao cumprir as metas.

Da mesma maneira que acontece com dispositivos como o Nexercise, atingir os objetivos pode fazer com que os usuários ganhem pontos de recompensa trocados por produtos com tema de fitness.

— Com a obesidade em ascensão, há necessidade crescente de uma forma eficaz, fácil e divertida para que as pessoas melhorem sua saúde— diz Carnet Williams, CEO e cofundador da Fitt.

O aplicativo é voltado para os que querem entrar em forma e trabalhar melhor sob pressão dos colegas.

— Apesar de ter havido uma rápida adoção dos dispositivos vestíveis de fitness, sem uma plataforma atraente, muitos usuários param de usar seus aparelhos. Nossa missão é construir uma plataforma que conecte amigos e os mantenha em movimento, independentemente do dispositivo— esclarece Williams.

domingo, 22 de junho de 2014

Sutil e cuidadoso, espetáculo é retrato expressionista de vidas vazias

"Pequenas Violências – Silenciosas e Cotidianas", da Cia. Stravaganza, voltará a cartaz em setembro, no 21º Porto Alegre Em Cena

por Fábio Prikladnicki
Rafael Guerra vive um personagem que mergulha na embriaguez  Foto: Gustavo Faraco / Divulgação

Pequenas Violências – Silenciosas e Cotidianas é uma das peças mais instigantes produzidas em Porto Alegre nos últimos tempos. Embora tenha estreado no final de 2013, seu grande ano deve ser 2014: no fim de semana passado, o espetáculo teve duas sessões no Theatro São Pedro, onde assisti, e, em setembro, retorna ao Teatro de Arena (espaço para o qual foi concebido) durante o 21º Porto Alegre Em Cena.

Em seu primeiro trabalho individual como dramaturgo, Fernando Kike Barbosa – mais conhecido como ator e diretor – cria um texto sem rubricas, ao qual tive acesso, com diversas vozes que podem ser lidas como um monólogo. Nesta primeira montagem, encenada por ele mesmo, optou por compor a cena com cinco atores da Cia. Stravaganza: Cassiano Ranzolin, Janaina Pelizzon, Liane Venturella, Rafael Guerra e Rodrigo Melo.

Tão ou mais surpreendente do que a dramaturgia é o trabalho de direção, extremamente sutil e cuidadoso. Há uma clara preocupação em provocar sensações no público, sem jamais encostar nele ou propor qualquer tipo de interação direta. O resultado é alcançado pela movimentação (aproximações e distanciamentos da plateia) e pela trilha sonora (de Paulo Arenhart).

A iluminação é um caso à parte: conta exclusivamente com lanternas de luzes coloridas que os próprios atores manipulam, iluminando-se a si mesmos de baixo para cima com o objetivo de criar uma estética meio expressionista, com as sombras do nariz e das sobrancelhas carregadas. Em quase uma hora de espetáculo, o público vê apenas rostos e outros detalhes, um tipo de fotografia a que estamos mais acostumados no cinema.

É o cenário perfeito para estes personagens sem biografia que vagam por uma cidade embotada pelo vazio da vida contemporânea na metrópole: um sujeito que não encontra motivação na relação amorosa e planeja um atentado, um desempregado estressado pela burocracia que busca alívio na bebida, uma senhora solitária que deposita afeto no cachorro, e por aí vai.

Estas vozes se encontram, ao final, em um acidente no qual um ônibus atropela um transeunte (tema mais atual do que nunca), mas o que importa não é o desfecho, e sim o durante. Uma polifonia de monólogos que veiculam preconceitos arraigados na sociedade: machismo, racismo, homofobia, etc. Aqui, o angry young man de John Osborne encontra o fluxo de consciência de James Joyce. Não há herói, nem anti-herói. É um retrato exagerado do nosso tempo, mas carregar a pincelada é um recurso clássico para melhor expor a realidade. Há pontas soltas na trama, o que não compromete a fruição.

Precisos em suas marcações, os atores têm desempenhos exemplares, coroando uma ótima fase da Cia. Stravaganza, que já havia estreado em 2012 um grande espetáculo (Estremeço, de Joël Pommerat, com direção de Camila Bauer).Pequenas Violências é uma forte candidata a melhor peça gaúcha do ano.

sábado, 21 de junho de 2014

Morre a escritora Rose Marie Muraro

Rose era uma das principais representantes do movimento feminista no Brasil
Foto: Ricardo Mega / Agencia RBS

A escritora Rose Marie Muraro, uma das principais representantes do movimento feminista no Brasil, morreu na manhã deste sábado, aos 83 anos, no Hospital São Lucas, em Copacabana (zona sul do Rio). Ela estava internada no CTI da unidade de saúde desde o dia 12.

Rose tinha câncer na medula óssea havia mais de dez anos e, no dia 15, entrou em coma e desenvolveu uma infecção respiratória. Rose tinha 5 filhos e 12 netos.

A intelectual nasceu praticamente cega, mas conseguiu estudar – cursou Física – e escreveu 44 livros. Nas décadas de 1970 e 1980, foi pioneira ao liderar o movimento feminista no País. Rose também atuou como editora, tendo publicado mais de 1.600 livros nas editoras Vozes e Rosa dos Tempos. Trabalhou com Leonardo Boff durante 17 anos.

Em texto divulgado pelo Twitter, a presidente Dilma Rousseff lamentou a morte de Rose: "Foi com tristeza que soube da morte de Rose Marie Muraro, ícone da luta pelos direitos das mulheres."

*Estadão Conteúdo

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Daniel Escobar ironiza as promessas de felicidade da publicidade em exposição individual

'Seu Lugar É Aqui, Seu Momento É Agora' entra em cartaz no Santander Cultural, em Porto Alegre

por Fábio Prikladnicki
Escobar criou um outdoor que receberá anúncios pagos. Na imagem, o artista durante a montagem Foto: Mauro Vieira / Agencia RBS 

No dia em que entrevistei o artista Daniel Escobar e a curadora Daniela Labra, recebi pelo correio um folheto publicitário. Produzido por uma construtora concorrente daquela que ergueu meu prédio, o material oferecia “um upgrade único de sua moradia”. O novo empreendimento, ainda segundo o anúncio, é “perfeito para quem busca uma inigualável sensação de liberdade”.

É dessa mercantilização da felicidade promovida pelo mercado imobiliário que trata a exposição de Escobar, nascido em Santo Ângelo e radicado em Porto Alegre. Daniela, a curadora, é uma chilena que já morou em Barcelona e hoje vive no Rio. Faz parte da proposta do projeto RS Contemporâneo, do Santander Cultural, o encontro entre jovens artistas gaúchos e curadores de fora do Estado. A primeira mostra de 2014 foi de Isabel Ramil.

Seu Lugar É Aqui, Seu Momento É Agora, o título da exposição que estará aberta para visitação a partir de 4/6, foi retirado da publicidade de um empreendimento de Porto Alegre. Em uma das instalações, Escobar cria caixas de acrílico que exibem peças do jogo Pequeno Engenheiro envolvidas por recortes de folhetos publicitários. Em outro trabalho, o artista interfere com fios dourados em bilhetes de loteria para formar frases como “Grandiosidade e exuberância aguardando sua presença” e “Exclusividade também é um direito dos seus filhos”. Em um intervalo da montagem da exposição, Escobar explicou:

– A publicidade tem esse poder de criar a ilusão de um mundo próprio. Talvez o produto que você compre não vá mudar a sua vida, mas a publicidade garante que vai. Sabemos que é mentira, que não é bem assim, mas queremos acreditar.

Uma das obras mais representativas da mostra é um outdoor, posicionado dentro do espaço expositivo, que vai receber, a cada 10 dias, uma publicidade diferente. É tudo verdade: cada anunciante pagará R$ 1,5 mil ao artista. Já há dois interessados.

– A publicidade costuma ser entendida como algo pragmático, e a arte, como ilusão. Mas existem trabalhos artísticos, como é o caso aqui, que pegam o pragmatismo da vida e o estampam de uma forma crítica – observa Daniela.

Seu Lugar É Aqui, Seu Momento É Agora

> Visitação a partir de hoje, de terça a sábado, das 10h às 19h; e domingo e feriado, das 13h às 19h. Até 13 de julho. Entrada franca.

> Santander Cultural (Rua Sete de Setembro, 1.028), fone (51) 3287-5500, em Porto Alegre.

> A exposição: individual de Daniel Escobar com instalações criadas especialmente para a ocasião. Com curadoria de Daniela Labra, a mostra integra o projeto RS Contemporâneo, do Santander Cultural, que apresenta jovens artistas gaúchos.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Exposição destaca obras da recente coleção de fotografia do MACRS

Em cartaz na Usina do Gasômetro, "Neblina – A Fotografia no Acervo do MACRS" apresenta trabalhos de mais de 40 artistas, como Clovis Dariano, Jailton Moreira, Romy Pocztaruk, Yuri Firmeza e Vera Chaves Barcellos

por Francisco Dalcol
Obra de Clovis DarianoFoto: MACRS / Divulgação

Até 2011, o acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS) não tinha mais que 10 trabalhos em fotografia. Hoje, são cerca de cem, reunidos graças a doações e iniciativas da instituição com o objetivo de formar um conjunto representativo da produção regional e nacional de artistas fotógrafos.

Uma amostra dessa coleção é apresentada em Neblina – A Fotografia no Acervo do MACRS, exposição que será aberta nesta quarta-feira (11/6), às 19h, na Usina do Gasômetro. A coletiva foi montada nas galerias Dos Arcos e Lunara, em uma parceria com a Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia de Porto Alegre.


Convidada para conceber a primeira mostra dedicada ao acervo de fotografia do MACRS, a artista Elaine Tedesco selecionou obras de 45 artistas, como Clovis Dariano, Dione Veiga Vieira, Jailton Moreira, Luiz Carlos Felizardo, Letícia Ramos, Marina Camargo, Romy Pocztaruk e Yuri Firmeza. Também há convidados como Carlos Pasquetti, Luiz Roque e Vera Chaves Barcellos. O ponto de partida da curadoria foi o livro Natural:mente – Vários Acessos ao Significado da Natureza, do filósofo tcheco Vilém Flusser (1920 – 1991).

– Foi com a ideia de uma visão sob neblina que comecei a tatear o acervo de fotografia, já que não sabia o que iria encontrar. E também achei interessante para esta época em que as manhãs são caracterizadas pela neblina – diz Elaine.

NEBLINA - A FOTOGRAFIA NO ACERVO DO MACRS
> Usina do Gasômetro (João Goulart, 551, em Porto Alegre), fone: (51) 3289-8111. Abertura nesta quarta (11/6), às 19h. Visitação: terça a sexta, das 9h às 21h, sábado e domingo, das 10h às 21h. Até 20/7.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Instituto de Artes da UFRGS: agenda com entrada franca até 21 de junho

ARTES VISUAIS
Exposição "A Pele da Obra", com obras de Clarissa Silveira, Luciana Barbosa e Léa Ciquier, permanece aberta para visitação até 20 de junho no IA/UFRGS. Entrada franca.

Foto: obra # 3, de Clarissa Silveira. Técnica: barro sobre fotografia



Evento: Exposição "A Pele da Obra", com obras de Clarissa Silveira, Luciana Barbosa e Léa Ciquier. Promoção Centro Acadêmico Tasso Corrêa do IA/UFRGS
Visitação: até 20 de junho, das 9 às 21h
Local: Espaço Ado Malagoli do IA/UFRGS (Rua Senhor dos Passos, 248, térreo)
Ingresso: Entrada franca
Foto: obra # 3, de Clarissa Silveira. Técnica: barro sobre fotografia
Permanece aberta para visitação até o dia 20 de junho a exposição "A Pele da Obra", que reúne trabalhos em fotografia e vídeo das artistas/alunas do Departamento de Artes Visuais do IA/UFRGS Clarissa Silveira, Luciana Barbosa e Léa Ciquier. A exposição é um "work in progress" que tem como tema as relações físicas do corpo com materiais como papel, panos de algodão, barro líquido e os espaços da cidade. As artistas propõem uma narrativa poética através da repetição de elementos visuais e da mestiçagem de linguagens.
MÚSICA
20 de junho, sexta
17h30: Recital da Classe de Flauta 2014/1. No programa, obras de Bach, Mozart, Friedrich Kuhlau, Georges Enesco e Carl Reinecke. Participação dos flautistas Leonardo Winter, Rafael Marques, Luciano Gularte, Paola Barth e Vinicius Prates. Coordenador: Prof. Leonardo Winter. Local: Auditorium Tasso Corrêa do IA/UFRGS (Rua Senhor dos Passos, 248, térreo). Entrada franca.
20h: Recital Roda de Choro. Coordenador: Prof. Raimundo Rajobac. Local: Auditorium Tasso Corrêa do IA/UFRGS (Rua Senhor dos Passos, 248, térreo). Entrada franca.
O projeto “Roda de Choro no IA” nasceu da iniciativa de professores e alunos do Bacharelado em Música Popular da UFRGS e tem como objetivo divulgar e promover a prática da Música Popular do nosso país. A iniciativa visa o estudo e aprofundamento a respeito do tema e põe em foco a importância da performance e prática em conjunto como dimensões determinantes no processo de formação do músico. No repertório, serão apresentados grandes nomes do gênero, como Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Jacob do Bandolim, Chiquinha Gonzaga, Altamiro Carrilho, entre outros.
Participam do recital Roda de Choro os seguintes músicos: Andressa Ferreira (percussão), Felipe Silva (piano/acordeon), Jean Carlo Godoy (violão de 7 cordas), Juliano Luz (cavaquinho), Mateus Zanolla Chaves (bandolim) e Raimundo Rajobac (percussão).
21 de junho, sábado
19h: Recital de Meio de Curso (Piano) de Jackson Spindler de Oliveira. Coordenação: Prof. Ney Fialkow. Local: Auditorium Tasso Corrêa do IA/UFRGS (Rua Senhor dos Passos, 248, térreo). Entrada franca.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Prepara o Ctrl+P - Papel supera telas em compreensão de texto, dizem cientistas

Pesquisas sugerem que telas virtuais ainda são inferiores ao papel para a compreensão e a retenção de textos longos e complexos

por Demétrio Rocha Pereira/ZH
Foto: Henrique Tramontina / Arte ZH

Machado no papel e Machado no tablet não são o mesmo Machado. O de tinta se imprime na lembrança; o de pixel passa ao largo da memória e, entre a publicidade, as abas e os links, some como fantasma entre fantasmas.

Não que ler nas telas eletrônicas seja sempre uma tragédia. É que cresce a turma de cientistas avisando que o cérebro prefere guardar texto folheado, tocado, cheirado. A tela que imita papel e tinta, vantagem de leitores de e-books como o Kindle, já evoluiu a ponto de ombrear o material impresso em testes de velocidade e precisão de leitura, mas ainda come poeira nos quesitos compreensão e memória.

Em 2002, pesquisadores das universidades britânicas de Plymouth e Bristol sugeriam que lembramos melhor daquilo que lemos em papel. Dois anos depois, psicólogos das universidades suecas de Karlstad e Gothenburg emendaram: monitores eletrônicos são lanternas de estresse, e rolar páginas virtuais distrai mais do que virar páginas reais. Ainda em 2004, um estudo da universidade francesa de Bretagne-Sud apontava que o e-book “dificulta a recordação de informação assimilada”, enquanto o papel “tende a facilitá-la”. Haveria uma “relação crítica” entre o manejo do objeto e o processamento mental do texto.

Essas observações foram decerto antecipadas pela sabedoria popular, sendo pouca a gente que, em literatura, favorece o computador. O problema é que, como o cérebro se molda às tarefas que mais executa, a nossa capacidade de sacar passagens longas e complexas pode estar sofrendo com o alto consumo de “leitura fastfood” nos badulaques digitais.

A neurocientista e escritora britânica Susan Greenfield cunhou o termo “mudanças mentais”, segundo ela tão importante quanto o correlato climático, para descrever a transformação do cérebro treinado para a internet. Essas mudanças, no que afetam a nossa relação com a palavra, vêm sendo rastreadas por pesquisadores como Maryanne Wolf, professora da universidade americana de Tufts e autora de Proust e a Lula: História e Ciência do Cérebro Leitor.

Em seu trabalho “arqueoneurológico”, Wolf diz que não há gene ou parte do cérebro que se devotem especificamente ao ato de ler. Em vez disso, a atividade teria sido lapidada aos poucos na estrutura do órgão, em um processo de aprendizagem que, rascunhado nas argilas dos sumérios e nas paredes dos egípcios, estaria agora garranchado pela internet. Não sem alguma ironia, o livro de Wolf achou sucesso, e departamentos de Inglês passaram a procurá-la, apavorados com a dificuldade de alunos em compreender obras clássicas.

Tanto Wolf quanto Nicholas Carr, autor do best-seller Geração Superficial, consideram que os debates atuais ratificam a filosofia de Marshall McLuhan, famoso por declamar, ainda nos anos 1960, que “o meio é a mensagem”. A própria tecnologia, versa McLuhan, é portadora de ideologia, e Carr argumenta que na internet passeia uma ética industrial: rápida, eficiente, otimizadora da produção e do consumo, adversária da contemplação.

– Os fornecedores de conteúdo sabem disso e produzem de acordo. Acrescente a isso a entrega de material digital em uma plataforma multitarefas sempre em atualização, e o resultado é uma série de ações breves de reação a mensagens e textos curtos que quebram a progressão normal da leitura em profundidade – afirma Andrew Dillon, da Universidade do Texas.

Separando 72 estudantes do primário em dois grupos, Anne Mangen, da universidade norueguesa de Stavanger, pôde observar que narrativas lineares ganhavam leituras mais pobres quando digitalizadas em PDF. Entre as possíveis causas estaria a “fisicalidade” do papel, contra a excitação meramente visual dos monitores.

Mangen diz que é cedo para restringir as diferenças a aspectos táteis, já que a experiência com a palavra depende também de “subdimensões” como a diagramação da página, o tipo de texto, o propósito e o local de leitura. Ainda assim, ao entrevistar leitores, ela ouviu muito aplauso ao manuseio do objeto, como o “prazer de ter um livro em mãos” e a “possibilidade de fazer anotações na margem”.

– Além disso, já está relativamente aceito que não somos muito bons em executar várias tarefas ao mesmo tempo. Isso vem a um custo não apenas cognitivo, como a perda da habilidade de manter o foco por longos períodos, mas também em diversos outros níveis – afirma a professora, mencionando a preocupação da comunidade científica com a formação de crianças mais acostumadas a telas virtuais do que ao toque físico.

NOVOS CAMINHOS

Depois de conduzir estudo sobre a aprendizagem com audiobooks, a professora Vera Wannmacher Pereira, da Faculdade de Letras da PUCRS, agora fará parte de um grupo que vai comparar o processamento cognitivo de textos eletrônicos em relação aos impressos. A pesquisadora ressalta que o processamento da leitura se modifica não apenas em função do suporte, dependendo ainda do objetivo do leitor, do seu conhecimento prévio e do tipo de texto. No caso da palavra falada, por exemplo, o “leitor” adota artimanhas diferentes.

– Mesmo com o livro virtual, é possível rolar a barra, pular, ir adiante e voltar. O audiobook é muito mais sutil. O leitor sabe que não haverá repetição, então dá preferência a uma estratégia de compreensão detalhada. Como o processamento é diferente, e como a leitura é mais minuciosa, observamos resultados melhores de compreensão e de aprendizagem no audiobook – diz Vera.

A professora afasta a tese de que os jovens hoje se desarranjam diante de obras clássicas, apontando que “a socialização do conhecimento é complexa, demorada e mexe com convicções”.

– Hoje temos um mundo do movimento, da cor. Isso modifica tudo, e não significa que algo vá tombar. O que vai ocorrer, provavelmente, é uma acomodação de todos os suportes. O e-mail trouxe uma transformação social muito grande, e não adianta se apavorar porque antes se escrevia uma carta com zelo e, hoje, a mensagem vem abreviada e rápida. Temos que saber nos ajustar, construir novos caminhos para este mundo, e não para o mundo que já foi – sustenta.

Vera também alerta que o maior acesso à educação apresenta desafios para a avaliação da aprendizagem:

– Poucos iam à escola na minha geração, e é claro que esse grupo, tão selecionado em testes para entrar no primeiro ano, no ginásio, no Ensino Médio, acabaria lendo e escrevendo bem. Hoje temos quase todas as crianças nas escolas, com condições, buscas, situações econômicas muito diferentes. Vivemos no mundo da heterogeneidade. Antes, os processos seletivos davam uma aparência de homogeneidade – completa.

A REDE NÃO É RASA

Decano da Escola de Informação da Universidade do Texas, Andrew Dillon repara que os avanços tecnológicos disparam muitos outros alertas vermelhos, para além da nossa relação com a palavra escrita. Grita-se, por exemplo, que os serviços de nuvem e busca vão detonar a memória humana como se fosse aplicativo dispensável para a espécie. Dillon concorda que devemos segurar firme a habilidade de apreciar os benefícios de textos longos, mas diz que não vale gastar muito tempo pensando em um “iminente colapso da cultura”:

– Olha, a tecnologia vai sempre nos arruinar, então por que a web seria diferente?
Porque, para trincheira mais otimista, a internet foge do dilema do copo meio cheio ou meio vazio. A manobra é surfar na onda braba da rede e desaguar, vez que outra, em água parada.

– O autor de Geração Superficial diz que não pensamos mais. Mas eu não preciso mais lembrar do teu telefone, uso a cabeça para outras coisas. Isso passa pelo estímulo ao aprendizado. A gurizada chega à sala de aula muito estimulada pela internet, a TV, o rádio. É questão de ajustar o foco, conseguir provocar o aluno a entrar no ritmo de um livro. Conseguir equilibrar é uma parte do problema – afirma André Pase, da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS.

O professor lembra que tivemos de aprender a lidar com o surgimento das redes sociais e, mais recentemente, do Twitter, ferramentas que apresentaram um jeito novo de tratar a informação.

– Quando falamos em “o meio é a mensagem”, precisamos saber, no caso da internet, que falamos de um meio superadaptável, com muitas lógicas e formas de comunicação. A natureza da internet está em constante mutação, e isso bagunça um pouco a nossa percepção – afirma Pase.

O pesquisador avalia que as telas eletrônicas tendem a escantear o papel à condição de ingrediente de encadernações especiais, com forte apelo gráfico, defendendo que a herança de lentidão da era Gutenberg não precisa vir abaixo com a predominância dos monitores.

– Vivemos em um tempo muito fracionado. Hoje se joga Angry Birds na sala de espera do consultório médico, mas antes havia revistas, já estávamos bombardeados de informação. O que acontece agora é que começamos a trazer isso para a rotina, e passa a ser necessário refletir sobre o que lemos. Chega um momento em que o usuário das redes sociais já nem acompanha o que faz, então é preciso dar uma freada, fazer o exercício de buscar outros materiais – pondera.

Colega de Pase na Famecos, o professor Eduardo Pellanda também vai na contramão do alarmismo, enxergando no acesso a um espectro maior e mais diverso de informação o potencial de aperfeiçoar o conhecimento.

– Olhando somente a leitura fragmentada, aparentemente dá a impressão de que estamos nos aprofundando menos. Mas a minha questão é entender o que fazíamos com este tempo antes? Me parece que não consumíamos informação. É preciso aprofundar mais para saber se estamos fragmentados ou presenciando uma nova forma de cognição – afirma Pellanda.

À apropriação de McLuhan que veste traje apocalíptico na internet, Pellanda opõe que “não podemos pensar de maneira determinista sobre o meio”.

– Não se pode levar ao pé da letra a frase do McLuhan. O meio influencia a mensagem, que entra em um ambiente de novas apropriações. O contexto de um vídeo no YouTube é diferente deste mesmo vídeo na TV. A internet não tem uma mensagem. Ela é múltipla, é um ambiente. Ela é e não é meio de comunicação. A rede assume mais a forma da mensagem e do sistema de comunicação, diferente dos meios originais nos quais McLuhan se espelhou para cunhar a frase – diz o professor.

Porque insistimos em “pensar o papel na tela”, Pellanda avalia que os monitores ainda não desdobraram as melhores interfaces para receber o texto “vivo e mutável” do ambiente eletrônico. Mas a letra pixelada, ele avisa, veio para tomar conta.

– O papel tem a tangibilidade e a cultura milenar por trás dele. Não podemos ignorar que isso é um valor simbólico importante. Mas, do ponto de vista técnico, não há mais por que um texto estar no papel. Salvo pela expressão artística, não há como pensar em todo o ciclo industrial que significa a impressão nos dias de hoje – conclui.

ESTUDOS RECENTES

- University of North Colorado e University of Madison, 2009: na hora de estudar, preferir o papel ao e-book se mantém constante entre os alunos, a despeito de diferenças de gênero e de hábito de usar computadores.

- Andrews University, 2012: entre mais de 500 estudantes, apenas 4% opta por versões eletrônicas das bibliografias de seus cursos.

- Southwest Baptist University, 2013: o e-book só é usado quando não há uma alternativa impressa.

- University of Malaya, Malásia, 2013: questionário sobre e-books oferecidos pela biblioteca da instituição elenca diversos fatores que levam à aceitação do texto eletrônico, mas mostra vasta preferência pelo papel nos casos de uso contínuo do material, mesmo entre internautas assíduos e usuários de livros digitais

- State University of New York, 2013: a compreensão de narrativas ou textos expositórios não é afetada pela leitura em diferentes meios, seja o papel, o computador ou o leitor eletrônico

- California State University, 2013: participantes de experimento preferem acessar informação no papel, mas não apresentam diferenças de compreensão do conteúdo, quando leem no computador. Tomar notas compensa pela queda de qualidade na leitura causada pelo acesso à internet

- Liberty University, 2013: em estudo com 538 alunos ao longo de um semestre, uso do texto eletrônico melhora aprendizado “afetivo” e “psicomotor”. Desempenho escolar e aprendizado cognitivo não apresentam variação significativa.

- Instituto de Tecnologia de Israel, 2014: estudantes de Engenharia apontam que o aprendizado na tela, além de menos eficiente, vem acompanhado de excesso de confiança. Esse déficit pode ser compensado com estratégias de leitura específicas.