Redação cmais+ | foto Miguel Márquez

Los Pies del Faro, com Roberto Mosqueda (Foto: Miguel Márquez)
De 1 a 8 de dezembro acontece, no Centro de Referência da Dança de São Paulo (Baixos do Viaduto do Chá, s/nª, local onde funcionou até o início do ano a Escola Municipal de Bailado), oDança à Deriva - 2ª Mostra Latino-Americana de Dança Contemporânea, que reúne trabalhos de 25 companhias, coletivos e artistas independentes, sendo 13 vindas da Colômbia, México, Costa Rica, Bolívia, Paraguai, Uruguai, Venezuela, e 12 brasileiras de São Paulo, Bahia, Ceará, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Toda a programação, composta de apresentações cênicas, videodança, intervenções, saraus, workshops e fóruns de debates, é aberta ao público.
Segundo Solange Borelli, diretora geral do Dança à Deriva, o intercâmbio artístico-cultural entre países da América Latina é a base em que se fundamenta essa Mostra, que tem como premissa estabelecer trocas de experiências estéticas criativas entre criadores, intérpretes e público, fomentando o diálogo e fortalecendo conexões recíprocas com as nações envolvidas por meio da linguagem da dança. “Somos todos viscerais, amantes dos contrastes. E temos urgências. Talvez a principal delas seja a necessidade de nos conhecer e reconhecer mutuamente, integrar e articular melhor o que fazemos. Pretendemos exaltar a potência artística e criadora que pulsa em todos nós, para implodir as fronteiras que estabelecem a latinidade como território do irracional”, reflete.
Maurício de Oliveira e Siameses abre a Mostra na segunda-feira (1/12), às 20h, com Albedo, o mais recente espetáculo do núcleo paulistano, que trabalhou o imaginário e o real, com base na ideia de purificação alquímica, tendo Don Quixote, personagem a só um tempo sublime e ridículo, idealista e lunático, como um invisível fio condutor.
A partir de terça (2/12), a programação, pensada para propiciar um contato mais próximo com o público por meio de debates, oficinas e intervenções artísticas prevê, diariamente, três workshops de dança no período da manhã (das 10h30 às 13h30) e à tarde (15h30 às 17h30), num espaço coletivo de compartilhamento livre entre os artistas, coreógrafos e diretores que participam da Mostra. Já as apresentações cênicas, num total de 28 espetáculos, se darão em quatro sessões diárias, sempre das 18h às 21h.
Entre as quatro companhias que se apresentam no primeiro dia de atividades (2/12, terça-feira), está a paulistana Cia. Dual, dirigida por Ivan Bernardelli, com o espetáculo Duo para Dois Perdidos, baseado no universo do texto teatral Dois Perdidos Numa Noite Suja, de Plínio Marcos (18h), seguida do mexicano Roberto Mosqueda (19h), com a interpretação de Los Pies Del Faro, que explora o binômio "apego/abandono" e a gama de emoções que pode gerar no ser humano. A última companhia do dia, a colombiana Tercer Piso Danza, apresenta às 21h, Tercer Piso, que propõe um espaço de contemplação da beleza encoberta pelos conflitos e dificuldades da vida cotidiana. A companhia, dirigida por Hugo Alberto Rodriguez, também traz para a Mostra Simultáneo(dia 5/12, às 21h), onde os corpos dos bailarinos interpretam as emoções humanas frente às mudanças da própria vida, percebidas como realidade flutuante e efêmera.
Os destaques da quinta-feira (4/12) ficam por conta de duas companhias colombianas: La Perforadora, coletivo criado em 2009, por Alejandro Cárdenas, que apresenta, às 19h, Motación, uma divertida composição cênica onde os bailarinos interagem no palco com personagens ficcionais projetadas, recordando momentos clássicos de desenhos animados e videogames antigos, e a Compañía Periferia, com Fuga (21h), uma análise crítica do fenômeno da migração e as diferentes forças que impulsionam ou detém a circulação de pessoas e grupos sociais para determinadas regiões.
Na sexta-feira, 5/12, a Balé Baião Dança Contemporânea, de Itapipoca, interior do Ceará, apresentaNegrume, que traz para a cena a potência do gestual lúdico e ritualístico observado pelo diretor Gerson Moreno nas rodas de conversa, oração e festa de comunidades quilombolas. A companhia participa da Mostra com outros dois trabalhos: Tábua, videodança inspirada no espetáculoLamentos e gozos da Imperatriz de Itapipoca, que contou com a colaboração dos artistas Marcelo Evelin (PI), Andrea Bardawil (CE) e Lia Rodrigues (RJ), apresentado em sessão especial no dia 2, às 20h; e no sábado, 6/12, também às 20h, O que não cabe em mim, um encontro entre o passado das manifestações populares do interior nordestino e o presente, que ganha movimento no corpo contemporâneo. Antes, a Fragmento de Dança apresenta (6/12, 18h) o show de talentos Aos vencedores, as batatas, trabalho composto por cinco solos que partem do entendimento da palavra “ruptura” alinhavados com humor e ironia; e a La Santa Chochera, da Costa Rica, dança Dono Artefarita (dom artificial, em Esperanto), sobre o valor do conceito de "vida" a partir da dicotomia "natural versus artificial" (19h).
No domingo (7/12), a Compañia Vidanza, coletivo boliviano fundado por Sylvia Fernández há 14 anos, questiona, em Made in China, o conceito de beleza e a posição do corpo como produto de mercado para exposição e venda (18h), e o coletivo La Perforadora volta à cena com Pájaros, espetáculo que tem na busca de transformação do corpo em pássaro, ignição para a criação (19h).
No último dia da Mostra (8/12), que prevê as apresentações de Canteiro de Obra, solo de Deca Madureira, que se inspira na imigração nordestina para propor reflexões sobre as características sociais, culturais e políticas que formam a cidade de São Paulo (18h), e do coletivo colombiano Carretel Danza, com La ultima lagrima, peça que transpõe para o palco o ambiente de uma taberna como estratégia para desenvolver sua dança de contato-improvisação (19h), o Núcleo de Dança e Performance Marcos Sobrinho encerra a Mostra com seu emblemático Um poema para Carmen..., performance que aborda o universo de Carmen Miranda, em questões que envolvem o imaginário dessa artista multimídia, ícone pop da cultura brasileira.
A concepção e direção geral do Dança à Deriva - 2ª Mostra Latino-Americana de Dança Contemporânea é de Solange Borelli, da Radar Cultural – Gestão e Projetos.
2ª Mostra Latino-Americana de Dança Contemporânea
De 1 a 8 de dezembro.
Centro de Referência da Dança de São Paulo - Baixos do Viaduto do Chá, s/nº.
Para mais detalhes sobre a programação, clique aqui.
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