segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Ameaçada de morte, gremista de ato racista pedirá desculpas a Aranha

Irmão de Patrícia Moreira da Silva conversou com ZH e relatou que a jovem, desesperada com a repercussão, foi embora temporariamente de Porto Alegre

por Mauricio Tonetto / ZH

Quatro horas depois de deixar a Arena na última quinta-feira, após a derrota do Grêmio para o Santos por 2 a 0 pela Copa do Brasil, a jovem Patrícia Moreira da Silva, 23 anos, teve a real dimensão das consequências dos gritos de macaco desferidos por ela para o goleiro santista Aranha, flagrados pelo canal de TVESPN. Ainda na madrugada de sexta-feira, ela começou a receber ameaças de morte e estupro pelo Whatsapp e teve de se refugiar na casa de familiares fora de Porto Alegre.



Ainda na madrugada de sexta-feira, Patrícia começou a receber ameaças de morte e estupro pelo Whatsapp e teve de se refugiar na casa de familiares Foto: Reprodução

De acordo com um dos irmãos dela, que pediu a ZH para não ser identificado para evitar problemas profissionais e pessoais, a gremista pedirá desculpas ao goleiro ainda nessa semana em rede nacional. Ele recebeu ZH nesta segunda-feira em sua casa, na Região Metropolitana, e contou que Patrícia está "desesperada" com a repercussão. Na noite de sexta-feira, a casa da garota foi apedrejada por um vizinho:

– Ela errou e admite. Nós temos consciência disso, mas ela nos disse que estava no embalo do jogo, da Geral do Grêmio. No momento certo, ela virá a público para se desculpar com o Aranha. É um momento muito difícil para nós todos, que nunca nos envolvemos em problemas com a Justiça.

As hostilidades, que motivaram a gremista a excluir seus perfis nas redes sociais devido a um "linchamento" público, não ficaram restritas apenas a Patrícia. Uma das filhas do irmão dela, que é adolescente e colorada, não foi à escola nesta segunda-feira com medo de represálias dos colegas.

Acuados, os familiares temem uma pressão ainda maior após o julgamento da próxima quarta-feira, quando o Grêmio pode ser penalizado devido aos incidentes racistas e perder pontos ou mandos de campo em competições nacionais.

– Ela terá de se mudar, não tem mais condições de continuar no mesmo lugar (um bairro popular da zona norte de Porto Alegre). Queremos dizer ao Brasil que a Patrícia não é racista, ela agiu errado, mas tem muitos amigos negros, somos pessoas humildes, não merecemos todo esse linchamento que está ocorrendo – afirma o irmão dela.

A jovem deve se apresentar na 4ª DP para prestar esclarecimentos até o próximo sábado. A família da gremista contratou um advogado nesta segunda-feira, que ainda se reunirá com ela antes de uma aparição pública. Eles pretendem que ela não seja exonerada do trabalho.

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