Rita Albuquerque, do cmais+ | fotos Ricardo Abrahão Arte & Cultura
A daguerreotipia, uma técnica de fotografia oitocentista desenvolvida por Louis Jacques Mandé Daguerre, surpreendeu o mundo por sua capacidade de reproduzir a realidade, apresentando uma definição jamais superada por outro processo.
Trata-se de uma placa maciça de cobre banhada em prata, a qual é inserida na câmera fotográfica. Segundo Francisco Moreira da Costa, brasileiro que está entre os 30 daguerreotipistas contemporâneos em atividade no mundo, ao passo que a fotografia é feita, a luz bate nessa chapa e entra em contato com os sensíveis haletos de prata submetidos ao procedimento.

O especialista explica que quando combinadas com o mercúrio, essas substâncias constituem o pó formador da imagem. “A figura fica latente e é revelada na superfície da placa, que guarda esse reflexo. O resultado de altíssima definição é visto nitidamente quando próximo à luz. Depois, é preciso fazer um sanduíche com dois vidros capazes de encapsular o resultado obtido para não oxidar”, descreve.
Francisco estuda a daguerreotipia desde 1996. Apenas cinco anos depois do início, em 2001, montou o Estúdio Século XIX, no distrito de Lumiar, a 160 km do Rio de Janeiro. Ele conta que a vontade de aprender o método de 1839 surgiu em Nova York. “Lá, trabalhei em um ateliê e fiquei encantado com o que os profissionais da área faziam. Voltei para o Brasil em meados de 1989 e depois de alguns anos passei a investir nisso. Montei laboratórios segmentados em busca de qualidade”.
A complexidade do processo incentivou o carioca a receber interessados em seu estúdio. "Para mim, repassar o conhecimento é uma forma de aprender ainda mais, de ter controle do que eu faço”, e completa, "o resultado depende integralmente do operador, porque cada etapa exige habilidade e cuidado. A química utilizada é perigosa, pode até queimar e/ou envenenar “.

Nas oficinas que promove, ele reúne grupos de até oito pessoas de sexta-feira à noite até domingo à tarde, quando todos são liberados. “Depois das aulas práticas, nós jantamos em volta da fogueira e tomamos sopa e vinho. No café da manhã faço questão de oferecer alimentos caseiros e regionais, como mel e queijos. É um tipo de albergue que já recebeu médicos, psicólogos, atores, jornalistas e outros”, fala.
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