
Cena de “Branco Sai, Preto Fica”, de Adirley Queirós, escolhido pelo júri como melhor filme do 47º Festival de Brasília
Criadores das obras que concorreram ao festival mais antigo do país defendem diálogo entre arte e sociedade, ao anunciar decisão inédita de dividir prêmio
Carta de Brasília
Diretores, produtores(as) e outros(as) integrantes das equipes dos longas-metragens que compuseram a competição da 47ª edição do Festival de Brasília vêm aqui expressar alguns pontos de reflexão em torno de sua participação no evento. Consideramos que:
1. A escolha de um panorama de filmes tão diversificado, onde cada obra se sedimenta sobre propostas estéticas singulares, resultou na criação, durante os dias do evento, de um terreno muito fértil e propenso à troca, ao debate, ao aprendizado e ao amadurecimento de questões ligadas ao cinema e à sociedade brasileira.
2. O cultivo de um terreno assim favorável à circulação de ideias deve ser, no nosso entendimento, horizonte para qualquer evento destinado a promover avanço do cinema e seu diálogo com o público no país.
3. No entanto, o valor atribuído ao prêmio de melhor longa-metragem, totalizando R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais), representa uma disparidade em relação aos valores distribuídos pelos demais prêmios, contribuindo para a criação de um clima de competitividade exacerbada entre os filmes e seus representantes.
4. Os signatários desta carta não se opõem ao caráter competitivo do festival e tampouco questionam a soberania da escolha do júri, que este ano indicou o filme Branco Sai, Preto Fica, de Adirley Queirós, como melhor longa-metragem.
5. Mas, desconfortáveis com a concentração dos recursos num único prêmio, os(as) diretores, produtores(as) e integrantes das equipes dos longas, decidimos, antecipadamente e por unanimidade, dividir o valor de R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais) em seis partes iguais que serão distribuídas entre os filmes que estiveram em competição.
6. O gesto proposto pelos realizadores este ano serve como sugestão de uma partilha futura dos recursos hoje concentrados no prêmio de longa-metragem. Entendemos que uma distribuição da verba entre os filmes, a título de pagamento de direitos de exibição, associada a um prêmio em dinheiro para o melhor filme, representaria uma forma mais isonômica de emprego do valor.
Assinam os(as) diretores, produtores(as) e integrantes das equipes dos filmes:
Branco Sai, Preto Fica
Brasil S/A
Ela Volta na Quinta
Pingo D’Água
Sem Pena
Ventos de Agosto
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